Ao contrário do que muitos pensam, o estresse prepara o organismo para o que der e vier. Mas devemos conhecer o nosso limite para ele não prejudicar a nossa saúde física e mental. Para esclarecer tudo a respeito do estresse, doença que acomete 90% da população mundial, a CERPO procurou o psiquiatra e psicanalista Dr. Romildo Gerbelli.
Muito se tem comentado e escrito sobre o estresse, condição pela qual todo ser humano, obrigatoriamente, é submetido. Trata-se de um conjunto de reações físicas e mentais que prepara o organismo para reagir prontamente a determinados estímulos. Espera-se, nessas situações, aumento da pressão arterial, da frequência de pulso e respiração, da atenção, concentração, vivacidade, agilidade, tensão etc.
Dependendo do que estamos fazendo, sentimos na própria pele o movimento da tensão interna, seja em nível mental ou por meio de reações físicas. Por exemplo, se a pessoa está em casa, sossegada, tranquila, ela estará sendo pouco exigida e seu organismo reagindo com baixo estresse. No trabalho, numa prova ou seleção, as exigências já são outras e as tensões se modificam.
Até aí tudo bem. É um tipo de estresse útil, sadio, necessário à vida, ao desenvolvimento humano, às adaptações individuais de cada um. O problema é quando as exigências ultrapassam o nível que cada um de nós consegue suportar, “aí o bicho pega”. E isso é muito comum acontecer nos dias de hoje. Mas não raro, o homem moderno se esquece desse princípio e atinge o máximo da sua condição para corresponder às exigências, se desgastando.
A pessoa passa a ficar cansada, tensa, mal humorada, irritadiça, intolerante, tendendo a dar respostas grosseiras, a dormir mal, entre outros sintomas. Quando se chega nesse grau, se a pessoa não melhorar espontaneamente, pode até precisar de ajuda profissional. A continuidade do estresse pode levar à depressão, transtornos de pânico e ansiedade ou qualquer outro estado mental que requer tratamento especializado.
“Na condição de psicanalista e psiquiatra, atendendo pessoas com estresse em sessões de análise ou apenas as medicando, pois esse estado mental tanto é analisável quanto medicável, observei algo muito interessante: pessoas mais pré-dispostas ao estresse apresentam, normalmente, perfil de serem preocupadas e atentas com a vida, possuem gosto e prazeres no que desenvolvem e querem corresponder às exigências externas, serem reconhecidas como competentes, suficientes, boas profissionais etc.”
O homem moderno se esquece desse princípio e atinge o máximo da sua condição para corresponder às exigências, se desgastando.