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Homem moderno: superpai

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10 de agosto de 2014

Acordar de madrugada para dar mamadeira ao filho era tarefa considerada exclusivamente da mulher até pouco tempo atrás. Mas hoje em dia é cada vez mais comum encontrar homens que fazem isso e, ainda, dividem as tarefas de casa; com um detalhe: fazem tudo com muito prazer! Quem explica essa significativa mudança de comportamento do “sexo forte” é a psicóloga wellness, health coach e pedagoga Dra. Maria do Carmo Macedo.

Falar de paternidade e da sua importância é muito relevante no atual contexto social, pois sempre que buscamos, no nosso imaginário, a função de pai, ainda vem aquela figura do provedor, do homem que trabalha e traz o sustento da casa e que pouco tem relação com o ato de criar, ficando essa função apenas para a mãe.

Esse papel vem sendo cada vez mais discutido e transformado a partir do momento que a mulher saiu para trabalhar, buscando sua realização profissional e, consequentemente, partilhando com o homem a tarefa de prover a parte financeira do lar. Nesse novo contexto, o homem é solicitado a participar mais das tarefas antes ditas femininas; assim, inicia-se uma nova história social referente ao papel “de homem” e, em especial, de pai.

E como esse homem se posiciona ante a nova realidade? Muitos ainda relutam e tentam se manter na antiga posição, não percebendo o pensamento ultrapassado, pois o mundo gira, a sociedade muda constantemente, e quem não a acompanhar tende a sofrer.

No entanto, os homens que perceberam que é preciso se transformar e redescobrir talentos e habilidades − que antes não eram utilizados ou valorizados pela sociedade − sentem um enorme prazer de fazer parte de um novo contexto: o de partilhar.

Sem medo de participar

Dar mamadeira, trocar fralda, passar noites em claro, levar à escola e buscar, ensinar a usar o banheiro… Nossa, quantas atividades! E nessa lista não estão as que exigem maior paciência, compreensão e resistência. O novo pai depara-se com essa nova função para a qual não foi ensinado, portanto não tem internalizado esse papel, uma vez que na infância ele é treinado para lutar, correr, ser explosivo e competitivo e demonstrar pouco as emoções. A expressão de sentimentos, que inúmeras vezes é solicitada pela esposa e, principalmente, pelos filhos, foi pouco desenvolvida, já que socialmente lhe foi cobrado muito mais para ser forte e não chorar!

Essa maneira de agir e pensar exige do novo homem e do novo pai inúmeras estruturas emocionais e psicológicas que antes não eram requisitadas: sensibilidade, um ouvir mais atento e afetivo, o olhar mais compreensivo para as fraquezas ou erros e liberdade para poder mostrar sentimentos e emoções com naturalidade. O que parece estranho e difícil, na realidade, é libertador quando experimentado, pois não são apenas o filho e a mãe que vão usufruir desse novo pai; o homem também percebe que todos esses componentes já faziam parte dele. E como é bom poder entrar em contato e aproveitar dos seus benefícios, olhar-se de uma forma mais humana e compreensiva e ter liberdade para dividir com a mulher todas as angústias e alegrias no processo de educar.

Muitos pais relatam a alegria e a beleza de poder vivenciar todas as etapas do crescimento dos filhos e, principalmente, todo o turbilhão de emoções e sentimentos que acompanham esses momentos, pois é impossível separá-los. Essa alegria e o prazer de partilhar mais intensamente a organização familiar trazem somente benefícios e a retribuição de perceber que nasce uma família muito mais fortalecida, preparada para enfrentar dificuldades, unida por laços afetivos, de fraternidade e companheirismo, na qual todos são responsáveis pela sua manutenção.

Quanto aos filhos, esse novo momento, além de trazer muito mais segurança (afinal, a sociedade também mudou, trazendo outras formas de pensar, de agir e, com isso, outros tipos de angústias e desafios, solicitando um apoio familiar diferente de como era no passado), também traz o poder de se expressar com mais liberdade, de experimentar habilidades e talentos antes escondidos por preconceitos e inseguranças. Enfim, pais e filhos só têm a ganhar!

Superpai

Roberto e Valéria ficaram grávidos! Isso mesmo! Roberto também está grávido, pois ele participou ativamente de todos os momentos do processo da gestação de Valéria: as idas ao médico, os cuidados necessários, a escolha do enxoval, a preparação do quarto e tudo o que era necessário para que Valéria se sentisse segura e para que Bruno pudesse chegar num ambiente tranquilo e feliz.

Bruno nasceu, e Roberto fez questão de participar de tudo desde o início.  Nas madrugadas, Roberto levantava, pegava o filho do berço e o levava até Valéria para amamentá-lo. Sempre que estava em casa, ajudava Valéria: trocava fraldas, fazia dormir, entre outros, com muito prazer, pois queria fazer parte da vida do filho. A conexão entre os dois era tão forte, que Bruno, quando ouvia a voz do pai, enlouquecia, buscando feliz aquele colo.

Hoje, com 2 anos de idade, Bruno aprendeu que pode contar com a proteção e o aconchego dos pais. Valéria, tendo o apoio do marido, tem mais tempo para se dedicar aos dois, às tarefas de casa e à vida profissional, sem estresse − sobra tempo inclusive para namorar o maridão! Por sua vez, Roberto sente uma satisfação enorme de ser parte dessa relação, de poder usufruir desse universo maravilhoso de sentimentos e emoções, que é ser um pai participativo e atuante. Ele não sofre, ao contrário, aproveita cada maravilhoso momento dessa relação!



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